terça-feira, 30 de maio de 2017

Cunha pede para o Supremo anular a delação da JBS

 Folhapress 2 horas 4 minutos atrás 
Lutadora do UFC testa soldados do exército americano com chutes na perna; veja
Veterana do UFC, Cat Zingano iniciou sua carreira de forma avassaladora. Com nove vitórias seguidas, a americana garantiu a chance de disputar o cinturão do UFC em 2015 e desde então deixou claro que quer algo grande em sua carreira e só entraria no cage em busca disso. Portanto, enquanto desafia Cris ‘Cyborg’ e espera pela chance de enfrentá-la, a americana encontrou uma bela forma de se manter motivada (e na mídia).
Em visita à uma base do exército americano, Cat Zingano aproveitou que os soldados rapidamente a reconheceram como uma lutadora durona do UFC e a convidaram para expor suas habilidades. Nesse instante uma fila de fuzileiros se formou para que ela mostrasse o poder de seus chutes baixos.
A julgar pelo porte físico e preparo dos ‘alvos’, assim como suas expressões após serem atingidos, Zingano está mais em forma do que nunca. Vale a pena conferir o registro feito em suas redes sociais. (clique aqui ou aqui)
Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil
MARIO CESAR CARVALHO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A defesa do ex-deputado federal Eduardo Cunha ingressou com um recurso no Supremo Tribunal Federal para anular a delação de Joesley Batista, da JBS.
O advogado de Cunha, Rodrigo Sanches Rios, diz no pedido que o acordo da JBS desrespeitou o princípio constitucional de proporcionalidade e um artigo da lei que regulamentou os acordos de delação em 2013: 1. ele fere o critério de proporção ao deixar de estipular algum tipo de punição para um criminoso que confessou ter comprado 1.829 políticos, com o gasto de R$ 500 milhões em propinas; 2. a lei proíbe que a Procuradoria Geral da República deixe de acusar um colaborador se ele for o líder da organização criminosa.
Como Joesley assumiu que liderava o processo de pagamento de suborno a parlamentares, ele poderia ter benefícios, mas não poderia se livrar integralmente dos atos de corrupção que praticou, no entendimento de Rios.
"Não tem a menor razoabilidade, tampouco proporcionalidade, esse grupo de delatores se beneficiar com tamanha generosidade, ante a quantidade e complexidade dos supostos crimes apresentados!", afirma o pedido apresentado ao Supremo.
O advogado de Cunha cita um dos críticos dos acordos feitos na Itália pela Operação Mãos Limpas, consideradas uma das fontes de inspiração da Lava Jato, o jurista argentino Eugenio Raúl Zaffaroni, atualmente juiz da Corte Interamericana de Direitos humanos: "O Estado está se valendo da cooperação de um delinquente, comprada ao preço de sua impunidade, para ´fazer Justiça´".
Sem os critérios de proporcionalidade nas penas, o acordo "é manifestamente ilícito", de acordo com Rios.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defendeu os benefícios concedidos no acordo com o argumento de que foi o preço a ser pago para se romper o círculo da corrupção. "Os irmãos Batista, em troca dos benefícios, relataram o pagamento de propina a quase 2.000 autoridades do país, apresentaram provas muito consistentes, contas no exterior, gravações de crimes e auxiliaram na realização de ação controlada pela polícia. Tudo isso só foi possível nos termos acordados", escreveu em texto publicado na última quinta (25).
SEM PROVAS
A defesa de Cunha pede também que o Supremo revogue o novo decreto de prisão contra o ex-deputado, decidido pelo ministro Edson Fachin a partir da delação da JBS. O procurador-geral pedira que Cunha e o operador e doleiro Lucio Funaro fossem transferidos para um presídio de segurança máxima porque teriam continuado a praticar crimes mesmo na prisão. O Supremo decretou uma nova prisão, mas recusou mandá-los para um presídio de segurança máxima.
O pedido de revogação de prisão aponta que não há provas de que Joesley tenha pago propina a Cunha para que ele se mantenha em silêncio e não faça um acordo de delação.
Em gravação feita por Joesley com o presidente Michel Temer, o empresário narra que comprou o silêncio de Cunha e Lucio Funaro. A gravação tornou-se polêmica porque o jornal "O Globo", que revelou o caso, dizia que Temer concordara com a operação de comprar o silêncio do ex-deputado e de seu operador. Depois que os áudios se tornaram públicos, o que se ouve na conversa é Temer concordar com Joesley após ele narrar que conseguira manter boas relações com Cunha e Funaro: "Tem que manter isso, viu?".
O advogado de Cunha diz que não há provas de que seu cliente tenha recebido suborno da JBS para ficar quieto. Essa prova, ainda de acordo com Rios, só existe contra Funaro. A Polícia Federal prendeu sua irmã, Roberta Funaro, após registrar a entrega de R$ 400 mil a ela, feita por um lobista da JBS, Ricardo Saud.
O advogado afirma que só a palavra de um delator, sem a comprovação de uma investigação, não é suficiente para sustentar o decreto de prisão.
Preso em outubro do ano passado por ordem do juiz Sergio Moro, Cunha foi condenado a 15 anos de prisão sob acusação de ter recebido US$ 1,5 milhão após a Petrobras ter comprado 50% dos direitos de exploração de um campo de petróleo no Benin por US$ 34,5 milhões. Segundo o juiz, Cunha recebeu a propina em 2011, quando era deputado e o PMDB comandava a diretoria internacional da Petrobras.
RODRIGO ROCHA LOURES
O advogado Cezar Bitencourt, que passou a defender o deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), afirmou nesta terça (30) que irá pedir a anulação da delação premiada dos executivos da JBS.

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Antonio Cruz/Agência Brasil
(Reuters) - Em meio à crise política que envolve o presidente Michel Temer a partir da delação do empresário Joesley Batista, o presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, reagiu na manhã desta segunda-feira às especulações de que algum dos ministros da corte poderia pedir vistas do processo de julgamento da chapa Dilma-Temer, previsto para começar na terça-feira da próxima semana.
"(O TSE) não é joguete de ninguém", disse Mendes, em entrevista após participar de uma palestra em São Paulo.
"Também não cabe ao TSE resolver crise política, isso é bom que se diga."
Temer está sob pressão desde a notícia da gravação de uma conversa entre Temer e Joesley, no âmbito da delação do empresário. Com a negação enfática do presidente de que vá renunciar, políticos esperam o julgamento que pode cassar a chapa para decidir os próximos passos.
"Tribunal não é instrumento para solução de crise política, o julgamento será jurídico e judicial, então não venham para o tribunal dizer: 'Ah, vocês devem resolver uma crise que nós criamos. Resolvam suas crises'", acrescentou Mendes.

sexta-feira, 26 de maio de 2017

O problema com as mulheres em The Witcher

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The Witcher é uma franquia muito conhecida e com muitos fãs. Ano passado The Witcher 3 foi eleito o jogo do ano. O RPG de fantasia medieval tem como protagonista o bruxo Geralt de Rivia. Nesse universo, os “bruxos” são pessoas geneticamente modificadas para ficarem mais fortes e ganham a vida matando monstros.
Apesar de nunca ter jogado, eu via certas coisas dos fãs que me dava muita preguiça do jogo. Como fã da Bioware, já acompanhei muitas discussões de fóruns que falavam de Mass Effect ou Dragon Age. Não era incomum ver algum gamer machista reclamando que, ao incluir diversidade, a Bioware estava tentando fazer aqueles jogadores terem “vergonha de serem homens héteros” e eles iam jogar um jogo que “não tentava envergonhar os homens héteros: The Witcher”. Considerando que uma das coisas que fez a Bioware ganhar meu coração é exatamente o fato deles tentarem sempre melhorar a representatividade, automaticamente eu criei uma birra com The Witcher. Afinal se aquele tipo de fã gostava, não sei se eu ia querer jogar.
Mas fã preconceituoso tem em qualquer fandom, infelizmente, então nos últimos meses decidi que ia jogar a franquia toda. Mesmo com esses comentários, muitas pessoas me diziam que The Witcher era realmente muito bom.
Fico muito feliz de ter superado a birra porque a franquia é de fato incrível, principalmente The Witcher 3. É um RPG de fantasia medieval com escolhas difíceis, história interessante, personagens cativantes… É com certeza uma das melhores franquias que joguei na vida.
Mas nem tudo são flores. Apesar de ser um jogo tão legal, não me surpreende tanto que a base de fãs seja composta por tantos gamers machistas. The Witcher tem sérios problemas com a representação das mulheres, mesmo nos jogos mais recentes. É ainda mais triste quando percebemos que muitas das personagens de peso para a história funcionar são mulheres, mas mesmo assim os estereótipos aparecem.
Esse é mais um daqueles exemplos de coisas que podemos amar mesmo vendo os problemas. Adorei mesmo passar essas semanas como Geralt de Rivia, mas nem por isso vou ignorar certos erros do jogo. É complicado ver um jogo tão bom em vários aspectos errar nessas partes. É também frustrante ver que o melhor jogo do ano de 2015 comete tantos erros com suas personagens mulheres.
Eu fiz questão de jogar todos os três jogos e as DLC antes de falar qualquer coisa para evitar o “você não conhece a franquia” ou “mas depois melhora” (não sei se vai ajudar, mas a gente tenta). Também entendo que os jogos são baseados em livros e talvez os originais sejam machistas. Primeiro precisamos lembrar que esses jogos são adaptações e mudanças são normais, ainda mais considerando que, pelo que andei lendo, muitos fãs dos livros falam que os jogos são bem diferentes. Segundo que alguns pontos machistas do jogo são coisas que não apareceriam na literatura, mas são usados em mídias como o videogame.
Caso você não tenha jogado nada de The Witcher ainda e quer saber se deve começar a jogar sem tomar spoilers, o que eu posso dizer é que a franquia é muito boa, ainda mais para quem é fã de RPG e fantasia medieval, então é um título que eu recomendo, mas saiba que você vai encontrar estereótipos e objetificação de mulheres no jogo.
Eu vou dividir essa postagem em tópicos, um para cada jogo e no final algumas considerações pontuais sobre as DLC de The Witcher 3, assim você pode evitar spoilers caso não tenha jogado algum deles.
  • The Witcher 1
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A primeira coisa que me chamou atenção é que o jogo não tinha nenhuma mulher witcher. Todos em Kaer Morhen eram homens, a única mulher era Triss, mas ela é uma feiticeira. Lembrando que bruxos nesse mundo são matadores de monstros, os que usam magia são feiticeiros. Além disso, a roupa da Triss tem decotes nada apropriados para batalhas. Sim, eu sei, os que usam magia normalmente ficariam na linha de trás da luta, mas mesmo assim, qual era a necessidade?
Geralt precisa fazer uma poção para ajudar Triss no começo do jogo. Depois que o protagonista ajuda a feiticeira, eles começam a conversar. Geralt tinha perdido as memórias, mas Triss deu a entender que eles tinham um caso. Eu adoro um romance em videogame, então escolhi a opção para os dois ficarem juntos. Eu esperava uma cena dos dois se pegando, mas o jogo conseguiu me surpreender, não em um bom sentido. Quando eles ficam juntos, aparece uma carta na tela com Triss seminua.
Cada mulher que Geralt tem alguma coisa no The Witcher 1 faz o jogador ganhar uma carta. A imagem é sempre da mulher em questão seminua, numa posição muito objetificada. Porque afinal de contas é isso que mulheres são, objetos e conquistas para serem colecionadas por homens (/sarcasmo). Sério, meus olhos giraram tanto que acho que vi meu cérebro. O jogo cria uma ideia de que Geralt é o grande pegador, é óbvio que isso depende também das escolhas que o jogador faz, já que é um RPG, mas essa imagem existe mesmo assim.
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Sim, isso é do jogo, não é fanart.
O jogo possui personagens mulheres interessantes e de peso para a história, mas às vezes parece que elas só estão ali para Geralt pegar e aumentar sua coleção de cartas. Sem contar que às vezes essa é a única maneira de avançar numa missão. Uma das missões secundárias é sobre um cavaleiro buscando por sua irmã perdida e você encontra uma mulher parecida em um bordel. Depois de esgotar todas as opções de diálogos, só tinha a opção de ir para cama com ela. Não sabia se era isso que ia liberar o resto da missão, então fiz e descobri que sim, Geralt precisava fazer sexo com ela para completar a missão. A desculpa é que só aí ele vê as marcas de vampiro no pescoço dela, mas isso podia ser lidado de inúmeras formas diferentes.
Temos também um triângulo amoroso. Durante o jogo ficamos próximos de Triss e Shani, uma médica que está ajudando os doentes de Vizima. Enquanto Geralt precisa descobrir porque Kaer Morhen foi atacada, ele encontra um garoto chamado Alvin e seus poderes são importantes para a história. Em dado momento, depois que você já conheceu Triss e Shani, já as ajudou e o jogo já te deu a chance de romance com as duas, Alvin desaparece. Geralt precisa decidir como salvá-lo e o que fazer depois. É nesse momento que a coisa começa a ficar irritante. Triss e Shani brigam com Geralt, cada uma diz acreditar que é a melhor pessoa para cuidar de Alvin. Mas a real é que essa discussão não é sobre Alvin, é uma briga para ver quem fica com o Geralt. Sim, as falas são sobre o Alvin, mas o jogo coloca de forma que parece muito mais as duas mulheres brigando para ver quem vai ficar com o protagonista.
As personagens são incríveis, Triss é uma feiticeira poderosa e Shani é uma médica reconhecida e inteligente. Nenhuma delas precisa brigar pra ficar com Geralt, mas o jogo as coloca nessa situação, inclusive Shani fala de Triss com xingamentos bem misóginos. Caso você ainda não ache que a discussão seja sobre isso, vamos pensar no que acontece depois. Como Alvin tinha poderes mágicos, eu achei que deixá-lo com a Triss fosse a melhor opção, já que ela também tem o dom da magia. Isso fez com que Shani nunca mais olhasse na cara de meu Geralt, ela inclusive diz “vai voltar pra sua feiticeira”. Isso não é sobre Alvin, é uma briga clichê de triângulo amoroso. Sem contar que o jogo não desenvolve nenhum motivo para as duas se odiarem, elas simplesmente não se gostam e dá muito a entender que é ciúmes.
Depois dessas e de outras eu ainda dei o benefício da dúvida. É um jogo de 2007, talvez a CD Projekt Red tenha percebido os erros e melhorado, né? Erm… Não.
  • The Witcher 2: Assassins of Kings
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Não vou ser injusta e dizer que o jogo não melhorou algumas coisas. Não temos mais o triângulo amoroso e agora as mulheres parecem ser menos reduzidas ao estereótipo de interesse romântico para Geralt. Ah sim, também tiraram as cartas depois das cenas de sexo.
Geralt passa a primeira parte do jogo com Triss e Roche. Pode ser o jeito que eu joguei, mas me pareceu que as opções de “pegador” tinham diminuído e as interações com as mulheres faziam mais sentido do que antes. O jogo cria um clima para que Geralt e Triss fiquem juntos, mas a personagem parecia estar menos interesse romântico e mais Triss. Pelo menos no começo.
Como já mencionei antes, Triss é uma feiticeira poderosa, o primeiro jogo fez questão de mostrar isso. Ela também fazia parte do Lodge (um grupo de feiticeiras) e era da corte de Foltest por um bom tempo, sem contar as conquistas que ela faz em The Witcher 3. Triss não é uma donzela indefesa, ela é uma feiticeira forte e inteligente, mas a narrativa vai tirando isso dela depois da primeira parte do jogo.
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Depois que Geralt resolveu ajudar Iorveth ou Roche, descobrimos que Triss foi capturada por Letho porque ela sabia como transportá-los rápido para fora daquela cidade. Eu entendo que bruxos são mais fortes que a maioria e faz sentido Letho ganhar a luta contra Triss, mas será que o jogo precisava mesmo colocar a personagem nessa situação? Nós não encontramos Triss de novo até o final do jogo. Geralt não precisava da motivação de “salvar a namorada” para continuar, ele já tinha a motivação de limpar seu nome e achar o assassino do rei. A gente pode até pensar que tiraram Triss dessa parte do jogo por causa de Philippa. É possível que Triss tivesse descoberto os planos de Philippa antes de todo mundo, o que comprometeria o timing do jogo, mas o roteiro poderia ter colocado ela só descobrindo do plano mais ou menos na hora que Iorveth suspeita que tem algo errado, afinal Philippa parece ser mais forte e mais experiente que a maioria das feiticeiras, seria aceitável Triss não perceber a manipulação de Philippa imediatamente.
Como eu disse antes, de fato o estereótipo da mulher como interesse romântico diminui, mas entra outro. Praticamente todas as mulheres do jogo são colocadas como traiçoeiras, falsas e manipuladoras. E não, isso não acontece com a maioria dos homens. O jogo cria uma ideia de que toda a mulher está armando alguma coisa, e antes que você me acuse de exagerar, o próprio codex do jogo diz isso.
E sim, eu sei o que você vai dizer: “O codex foi feito como se fosse escrito pelo Dandelion”, mas quem escreveu e colocou aquilo no jogo foi um dos desenvolvedores do jogo. E já que estamos falando de codex, quase toda a página de codex no jogo sobre mulheres fala da beleza delas. Se não me engano, o único personagem homem que tem um codex que menciona a aparência é Iorveth, já que elfos são considerados muito bonitos, mas ele tem uma cicatriz no rosto. Eu gosto que o codex seja escrito como se fosse um personagem que fez, mas todas essas coisas são desnecessárias e diminui mais o papel das mulheres no jogo.
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Parte destacada: “…Dando origem à ideia de que os crimes das feiticeiras são responsáveis pela desconfiança geral contra essa profissão e talvez também contra o gênero feminino”. 
Voltando ao estereótipo da mulher traiçoeira, praticamente todas as mulheres do jogo traem alguém ou são suspeitas: Sile, Cynthia, Philippa… E sim, mulheres podem ser ruins e vilãs, eu acho Philippa uma excelente personagem exatamente por isso, mas o jogo coloca praticamente todas nessa posição de “cuidado Geralt, você não pode confiar em mulher”. Há poucas mulheres consideradas “confiáveis” que tem um papel grande no jogo: Triss, que é a “mina” do protagonista, e Saskia, que é um caso específico.
A descrição de Saskia é: Uma matadora de dragões que quer governar Vergen, trazendo igualdade entre humanos e não humanos. Eu nem tinha visto a personagem e já estava apaixonada. Saskia é incrível, ela enfrenta os nobres de outras regiões sem medo, mesmo que suas terras tenham um poder de fogo muito menor, mas sua representação também tem problemas. Primeiramente, além de matadora de dragões, ela é conhecida como “a virgem”, porque aparentemente as relações sexuais dela são relevantes para a história do jogo (spoilert: não são). Segundo, ela é uma guerreira que usa uma armadura com decote. O jogo praticamente não tem mulheres guerreiras, The Witcher propaga o estereótipo da fantasia medieval que a mulher no campo de batalha precisa fazer parte de alguma classe mágica. Quando finalmente aparece uma mulher guerreira, ela está de decote? Isso vale para Ves também.
A narrativa diminui Saskia. Logo depois que conhecemos a matadora de dragões, ela é envenenada e fica boa parte daquele arco desacordada. E quem precisa juntar os elementos para salvá-la? Sim, Geralt, porque aparentemente o único incentivo que os roteiristas do jogo imaginam para o protagonista continuar a aventura é salvar uma mulher. Tudo bem, trazemos Saskia de volta com a ajuda de Philippa, mas ela está… Diferente. O que aconteceu é que enquanto Philippa curava a matadora de dragões, ela também colocou um feitiço para controlá-la.
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No final do jogo descobrimos que Saskia estava mentindo: ela não tinha matado dragão nenhum, ela era um dragão. Eu amei essa virada na história, mas não posso negar que meio que reforça a ideia da mulher mentirosa, apesar de que nesse caso específico o jogo não parece colocá-la como malvada por isso. E não, ela ser um dragão não justifica o decote na armadura, ela se regenera rápido, mas ela queria se passar por humana. Mesmo que o conceito de Saskia seja muito legal, ela passa boa parte do jogo desacordada ou sendo usada como fantoche.
E aí temos Philippa. Eu acho ela uma vilã incrível, não acho que tenha qualquer problema em ela simplesmente ser má e tentar manipular todo mundo, o problema é que a maioria das mulheres do jogo são colocadas nessa posição de suspeita. Além disso Philippa acaba virando a “feiticeira do mal sexy” em alguns momentos. Uma das partes do feitiço para trazer Saskia de volta é colocando uma pétala nos lábios e beijando a matadora de dragões, e aí nós literalmente temos um anão do lado dizendo “esse é meu tipo favorito de magia: lesbomancia”. Não tinha a menor necessidade disso. E claro, a cena dela e Cynthia juntas, seminua, que Geralt vê “sem querer”, completamente feita para o olhar masculino.
O jogo também ainda adiciona uma ideia de “mulheres feiticeiras são malvadas”, no melhor estilo época medieval que queima bruxas quando “descobrem” que o Lodge está por trás da morte dos reis (e está, mas foi armação de Nilfgaard). O jogo mostra várias cenas dessas mulheres sendo mortas só por terem magia, seminuas em posição de perigo ou passando por momentos muito violentos. Pra mim a cena mais forte do jogo foi Radovid mandando arrancarem os olhos de Philippa. Eu sei que é um jogo que fala sobre uma sociedade violenta, mas é um problema atrás do outro.
  • The Witcher 3: Wild Hunt
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Ah, o jogo do ano de 2015! Eu imaginei que nesse veríamos uma grande melhora. De fato há mudanças, as personagens parecem serem mais independentes de Geralt e participam ativamente da história, sem contar que a pessoa mais poderosa de todos os mundos é uma mulher: Ciri. Mas mesmo assim o jogo insiste em alguns erros que voltam a incomodar.
Além dos decotes e roupas que não parecem muito práticas nas mulheres, todas elas usam salto. Sim, inclusive Ciri, a guerreira do jogo. Eu não reclamaria tanto se só as feiticeiras usassem saltos, apesar de continuar não achando prático, mas a moça que tem que passar boa parte do tempo correndo também usa? Sem contar que Ciri, que entra em combate direto com várias pessoas e criaturas, usa uma blusa aberta com parte do sutiã aparecendo. O jogo ainda tenta colocar Roche dando uma bronca em Ves por usar decote no meio de uma luta, o que é uma tentativa meio ridícula de diálogo considerando que foram os próprios desenvolvedores que colocaram aquela roupa nela.
The Witcher sempre teve violências desnecessárias com mulheres e isso não diminui aqui, ao invés de Philippa perder os olhos, no terceiro jogo temos uma cena que, se quisermos todas as informações e terminar da melhor forma possível, precisamos ouvir um torturador arrancar as unhas de Triss. Eu gosto da evolução de Triss nesse jogo, ela que lidera a fuga dos feiticeiros de Novigrad, mas esse momento de violência me pareceu muito gratuito.
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Aí temos a maravilhosa Yennefer, que é certamente uma das minhas personagens preferidas do jogo. Ela não passa por situações de grandes apuros, é verdade, mas em compensação ela é a “chata mandona”. Yennefer acredita que os fins justificam os meios e os próprios bruxos a julgam por isso, mesmo agindo de forma similar. Quando ela chega em Kaer Morhen os bruxos não perdem tempo e já reclamam para Geralt que ela faz o que quer, de repente todo mundo esqueceu que estão numa corrida contra o tempo. Inclusive o Vesemir tem um diálogo que diz “eu sei que ela é o que chamam de mulher independente, mas e a educação?” o que é de girar os olhos. Adoro o Vesemir, mas assim não dá para te defender migo. Não é só uma vez que reclamam de Yennefer para Geralt, são várias, e as respostas dele ficam muito no “ela é mandona, mas eu gosto”. Sabe aquela coisa de “se um homem é firme no trabalho ele é muito bom e se a mulher é assim ela é mandona”? A narrativa parece reforçar isso em Yennefer.
Eu vou até dar uns pontinhos para o jogo por mostrar uma linha de diálogo que Yennefer mostra seu ponto de vista e entendemos um pouco o porque dela ser assim, mas uma frase faz muito pouco contra um jogo todo. Eu amo a Yennefer exatamente por ela não agradar os outros, acho ela uma personagem muito interessante, mas o jogo não mostra muito o lado dela. E aproveitando que entramos nesse assunto, vamos falar de uma das missões que representa exatamente meu problema com o jeito que as mulheres são tratadas pela narrativa.
Em uma das missões principais, falamos com o Barão Sangrento. Precisamos de informações sobre Ciri, o Barão viu ela há um tempo atrás, mas como ele é um personagem de RPG, não pode dar a informação que você quer imediatamente. Geralt descobre que Anna, esposa do Barão, e Tamara, a filha, estão desaparecidas. Ao longo da missão descobrimos que elas não sumiram simplesmente do nada. O Barão batia na mulher constantemente e ela já não aguentava mais, por isso quando descobriu que estava grávida novamente, fez um pacto com as bruxas da floresta (que no caso não são o feminino dos bruxos do jogo) para abortar a criança. Só que pacto com essas bruxas nunca sai barato e quando Anna e Tamara finalmente fogem do Barão, a esposa é pega pelas bruxas e levada para o meio da floresta.
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Mais tarde você precisa fazer um favor para as bruxas e matar um espírito da floresta, matar ou libertar o espírito afeta diretamente o destino de Anna. Eu resolvi matar o espírito, isso faz com que Geralt descubra que a Vó que vive com os órfãos na floresta na verdade é Anna. As bruxas vão embora dali e Anna enlouquece. Quando a encontramos, o Barão insiste em levá-la para uma cidade longe que tem alguém que pode curá-la. Por mais que Tamara seja contra no começo, por odiar o pai, as pessoas de seu novo grupo dizem que ela deve deixar a mãe com o Barão, afinal “ele está arrependido”. Sim, é sério.
O Barão é sempre apresentado como um cara legal, um quase amigo de Geralt, o cara que ajudou Ciri quando ela precisou, daí quando descobrimos que ele batia em Anna ele se mostra como terrivelmente arrependido. Para piorar, o jogo cria uma narrativa de redenção para ele. E caso você liberte o espírito, Anna é uma das pessoas mortas em sua fúria e o Barão comete suicídio ao descobrir a verdade. Quer dizer, o cara que bate na mulher pode ter um arco de redenção dependendo das suas escolhas, mas a mulher abusada e que aborta? Ah não, aí ela morre ou enlouquece e volta para o marido abusivo. Afinal ele se arrependeu, tadinho, mas ela que é punida por ter abortado e ter agido no desespero quando fez o pacto com as bruxas. Eu acredito muito que pessoas podem errar e se arrepender, mas normalmente quando o homem agride sua esposa uma vez, ele vai fazer isso de novo. Particularmente acho arcos de redenção muito importantes e válidos, mas se The Witcher queria falar disso, não colocasse na mesma missão que lida com violência doméstica. Aparentemente o jogo acha mais relevante humanizar o Barão do que Yennefer.
Há outras coisas que podemos citar que já aconteceram em outros jogos da franquia: Excesso de nudez para o olhar masculino, incluindo uma cena das bruxas “sensualizando” nuas enquanto bebem sangue. A volta do triângulo amoroso entre Triss e Yennefer, que é melhor escrito se comparado com o The Witcher 1, mas ainda é desnecessário.
Eu sei o que você pode pensar, o mundo de The Witcher é um mundo de fantasia que fala de injustiça, de violência e de uma sociedade machista. Mas como eu disse lá naquele texto do machismo na fantasia medieval, você pode fazer uma sociedade machista sem uma narrativa machista. A Triss não precisava ser torturada, a Anna podia ter ao menos uma opção de final feliz como seu agressor teve, Priscilla não precisava ter apanhado para mostrar o sofrimento de Dandelion, etc. Sim, The Witcher 3 acerta em alguns pontos, há uma missão de uma mulher ferreira provando que é melhor que o homem e Cerys pode se tornar a governante de Skellige, além do jogo colocá-la como a mais competente desde o começo, mas esses pontos positivos não apagam os negativos.
  • Heart of Stone e Blood and Wine
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As DLC de The Witcher 3 são muito divertidas, mas elas não deixam de cometer erros. O design de muitas personagens mulheres continua sendo sexualizado, cheio de decotes e saltos desnecessários. Em Blood and Wine, Anna (que não é a mesma Anna esposa do barão), a senhora de Toussaint, diz que vai acompanhar Geralt em uma missão e ela mesma fala “espere, vou colocar uma roupa mais confortável”. A roupa inclui um salto. O cara que faz a roupa das mulheres de The Witcher provavelmente tem um fetiche por saltos, porque não é possível.
Em Heart of Stone temos uma missão que lembra a do Barão em alguns aspectos. Geralt precisa realizar três pedidos de Olgierd e um deles é pegar a flor que ele deu para sua esposa há muito tempo atrás. Geralt vai até a antiga mansão dele e descobre que ele e sua esposa, Iris, eram muitos felizes, mas os pais de Iris não os queriam juntos, então Olgierd faz um acordo com o Mestre dos Espelhos porque não queria perder a esposa, mas isso o faz ir perdendo a humanidade (coração de pedra, há!) o que faz com que Olgierd machuque pessoas ao seu redor, incluindo Iris. Ela continua amando seu marido e acreditando que ele pode mudar, mas termina seus dias apodrecendo em sua mansão depois que Olgierd a abandona, esperando por ele.
Como boa parte das mulheres de “coração partido” no jogo, ela vira um espírito inquieto de vingança, mas nessa missão especificamente nós temos a chance de dar um destino um pouco melhor para aquela mulher. No final nós podemos pegar a flor e fazer o espírito de Iris finalmente descansar. Engraçado que Olgierd fez um acordo bem ruim no desespero e é humanizado pelo jogo, mas a esposa do Barão não tem o mesmo tratamento.
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Em Blood and Wine a coisa me pareceu um pouco melhor. Apesar de Syanna ser uma vilã que é odiada por boa parte dos personagens, o jogo consegue humanizá-la melhor e até fazer um arco interessante dependendo das escolhas do jogador. Mas em certo momento, no final da DLC, quando Geralt está correndo contra o tempo para salvar Toussaint, Syanna pede para ele um “último pedido já que ela pode morrer” que é sexo com o bruxo. Porque afinal de contas, é o que toda mulher pede para o cara mais próximo numa situação de vida ou morte como aquela (/sarcasmo).
Como eu disse antes, The Witcher é uma franquia incrível e, apesar de só ter listado coisas ruins, os pontos positivos são inúmeros, mas não dá pra ignorarmos esse tipo de narrativa e design que diminuem as personagens mulheres. Isso porque estou falando só desse aspecto, porque além de tudo The Witcher só tem personagens brancos, cis e com duas menções de personagens não hétero: Philippa e Cynthia, que é puramente para o olhar masculino, e uma missão secundária, que se não me engano é do terceiro jogo, que um homem dizia ser um monstro por ser gay, que nem preciso explicar o quão problemático é.
A solução não precisa ser necessariamente tirar todos os aspectos que eu comentei. Não tem problema mulheres serem malvadas, traiçoeiras, sensuais, ciumentas ou qualquer coisa parecida, o problema é essa repetição de estereótipos, é só existirem essas opções e certos elementos serem inseridos sem qualquer sentido.
Os jogos precisam pensar na representação de minorias. Já está na hora de criadores de universos fantásticos medievais largarem a tal da “fidelidade histórica” de uma época que nunca existiu. Precisamos parar de inventar desculpas e lembrar que não são só homens brancos cis e héteros que jogam videogames. The Witcher, eu te adoro, de verdade, mas assim não dá pra te defender.

Lutar contra os padrões de beleza é um dos desafios mais enfrentados pelas mulheres. Por isso, as atletas do rúgbi da Grã-Bretanha se uniram com modelos e atrizes e tiraram as roupas para celebrar as diferenças entre os corpos.
Jogadoras de rúgbi da Grã-Bretanha (5)
As jogadoras Amy Wilson-Hardy, Claire Allan, Danielle Waterman e Heather Fisher que escaladas para disputar as Olímpiada do Rio posaram para a edição de setembro da revista “UK Women’s Health’s”. Além delas, a colega de esporte Michaela Staniford também aparece nas fotos.
A discussão proposta gira em torno da batalha para aprender a gostar do seu próprio corpo, independente do que os padrões da sociedade digam sobre “ser magra e bonita”. Danielle Waterman, relembra os traumas da adolescência que lhe fizeram repensar a forma de encarar a beleza.
Jogadoras de rúgbi da Grã-Bretanha (12)
“Sempre lembro de colocar o vestido de formatura e ficar chateada porque meu corpo era grande e muito musculoso”, disse ela à publicação: “Foi meu irmão que me fez entender que meu corpo iria me ajudar a realizar meus sonhos no rúgbi”.
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Com um histórico de anorexia na infância, há pouco mais de cinco anos, Heather Fisher precisou enfrentar outro problema: a alopécia, um distúrbio que reduz drasticamente a incidência de pelos em alguma área do corpo.
rugby
” Já enfrentei a anorexia e a alopécia. Desde a infância eu luto para não abalar minha autoestima por causa da aparência. Quando eu mudei do bobsled, modalidade de canoagem, para o rúgbi minhas formas mudaram por causa do treinamento, a partir daí eu entendi que eu não treino só para ter uma boa aparência. Treino para ter um desempenho eficaz no meu esporte. Isso me ajudou a superar os problemas” revelou a atleta.
Jogadoras de rúgbi da Grã-Bretanha (11)
Lea Michelle intérprete de Rachel Berry, da série Glee e a modelo plus size Iskra Lawrence também posaram para edição. Capa da publicação, a atriz revelou uma tatuagem secreta em homenagem ao ex-namorado, o ator Cory Monteith, que morreu há três anos, vítima de uma overdose. Lea tatuou no quadril “Finn”, nome do personagem de Cory na série Glee, na qual ambos foram elevados ao estrelato. Vale lembrar que ela já tinha outras dois desenhos no corpo em referência ao ator.
Atletas ja haviam posado para “O calendário sensual de 2009”: ação para arrecadar fundos
Jogadoras de rúgbi da Grã-Bretanha (9)
Os rapazes também já estamparam ensaio para calendário (Fotos: Reprodução / Internet)
Os rapazes também já estamparam ensaio para calendário (Fotos: Reprodução / Internet)
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Garotas do time de rúgbi da Universidade de Oxford posam para calendário
Garotas do time de rúgbi da Universidade de Oxford posam para calendário
Garotas do time de rúgbi da Universidade de Oxford posam para calendário
Garotas do time de rúgbi da Universidade de Oxford posam para calendário

quinta-feira, 25 de maio de 2017

A nova geração de consoles tomou forma

Os consoles da oitava geração devem concretizar as inovações da sétima e mudar para sempre a forma como nos relacionamos com eles


Como diz a música do Semisonic, todo novo começo vem do fim de um outro começo. Depois de oito anos ocupando o posto de crème de la crème dos consoles, está chegando a hora de PlayStation 3, Xbox 360 e Wii abrirem espaço na estante para a oitava geração.
O primeiro da nova leva, Wii U, chegou no ano passado e não conseguiu empolgar muito: as vendas fracas fizeram com que a Nintendo fechasse o ano bem longe da expectativa. Já o PS4 foi mais ou menos apresentado num evento em fevereiro e o novo Xbox, chamado One, foi mostrado ontem pela Microsoft. Como o Wii U está por aí faz tempo e sabemos tudo sobre ele, vamos focar nos outros dois nesse post.
Enquanto os novos consoles não são lançados, vamos olhar para trás e ver o que a Sony e a Microsoft tinham em mente com o PS3 e o Xbox 360 lá no começo, em 2005, quando os apresentaram para o mundo na E3.

O que eles cumpriram

controle ps3 xbox360
Retrocompatibilidade: a Microsoft e a Sony se gabaram do tanto de games que as gerações anteriores tiveram e garantiram que seus lançamentos de 2006 teriam compatibilidade com eles. Isso já daria para os gamers uma enorme biblioteca de títulos no lançamento, além dos criados especialmente para os novos consoles.
De fato, a retrocompatibilidade esteve presente, mas daquele jeito. Primeiro, porque nem todos os títulos chegaram.
Para o Xbox 360, há uma boa biblioteca disponível, mas nem todos os títulos rodam. E, entre os da lista, alguns têm restrição de zona (por exemplo, casos em que só a cópia norte-americana roda no console mais novo). Já o PS3 até ofereceu retrocompatibilidade por um tempo, mas foram pouquíssimos os modelos com esse recurso; o último é de 2007 e foi descontinuado. Resultado: os retrocompatíveis, hoje, são raridade.
Muito mais que um console: o Xbox 360 e o PS3 cumpriram a missão de ser mais que uma caixa que rodasse joguinho. Eles viraram caixas que rodam joguinho, música, filmes, séries, enfim, centrais de entretenimento para toda a família, com a qual o usuário pode também se conectar com outros jogadores e compartilhar experiências através de rankings, mensagens e, no caso do Xbox 360, frescurinhas chamadas de achievements que acabaram sendo adotadas também pelo PS3.
Além disso, eles se juntaram ao Wii para criar uma nova forma de jogar. Em vez de apenas segurar um controle, passou a ser necessário se movimentar em alguns jogos. Mas nem o PS Move e nem o Kinect conseguiram substituir o controle tradicional e suas funcionalidades ficaram restritas a jogos de dança e de esportes. Tudo bem; não era a intenção.
Créditos: Gamerant
PS Move, Wii Remote e Kinect
Expansão de  público em número, gênero e grau: com a diversificação de utilidades para o console, o público também diversificou. Dificilmente alguém investiu dinheiro em um sem ter jogar videogame em mente, mas foram os extras, como Netflix e TV a cabo, que tiraram os consoles do quarto, os levaram para a sala e fizeram o controle passar pelas mãos dos pais e irmãos.
Além disso, apesar da tecnologia de ponta para rodar títulos AAA com os melhores gráficos e o melhor som, o PS3 e o Xbox 360 foram as plataformas escolhidas por muitos desenvolvedores independentes para lançar seus games. Então, os de jogabilidade simples, mas não menos divertidos – citando os dois primeiros que vêm à cabeça, Fez no Xbox e Journey no PS3 – passaram a dividir fama e espaço no HD entre os maiores lançamentos do ano e atraíram um público menos hard core.
Os melhores gráficos, o melhor som: Sony e Microsoft competiram nos consoles para alcançar a experiência mais rica visual e auditiva o possível.
Nas conferências da E3 de 2005, foi falado em gráficos e som de alta definição, era 3D e áudio digital – na época, a gente nem tinha muita noção do que era isso. Pareciam mais promessas vagas e comentários aleatórios para tornar um discurso impressionante.
No entanto, até hoje, oito anos depois do lançamento deles, gráficos ainda tiram o fôlego de todo mundo, ao mesmo tempo em que a melhor representação de água em movimento não foi alcançada – ou seja, é excelente, mas ainda há muito espaço para melhorar.
Com tanto tempo de legado, dá para comparar os diversos títulos de uma mesma franquia e ver a evolução – por exemplo, Assassin’s Creed e Assassin’s Creed 3.
Desmond em Assassin's Creed (2007) e Assassin's Creed 3 (2012) no PS3
Desmond em Assassin’s Creed (2007) e Assassin’s Creed 3 (2012) no PS3

O que ficou só na promessa

A sétima geração revolucionou a maneira com a qual nos relacionamos com consoles e videogames. Mas nem todas as promessas feitas em suas apresentações foram cumpridas – o que nem é algo ruim, já que a maioria não fez falta. Nunca saberemos que impacto elas teriam na indústria, mas vamos fazer uma menção honrosa aqui a algumas que gostaríamos de ter visto:
No Xbox 360: empenhadíssima em fazer do console uma central de entretenimento, a Microsoft garantiu que poderíamos assistir a shows ao vivo, gravar a programação da TV e ouvir novas músicas em primeira mão. Ficou na promessa, assim como o Marketplace, que permitiria aos jogadores (e aos não-gamers também, já que, como falamos antes, teve todo esse lance de expandir o público) vender produtos.
No PS3: dá para dizer que Ken Kutaragi, o pai do PlayStation, foi um pouco exagerado ao falar das especificações do novo console. Ele prometeu duas HDMI, Wi-Fi integrado e suporte para até sete controles; a versão final tinha apenas uma HDMI e havia modelos sem Wi-Fi. E, apesar do console reconhecer sete controles, poucos títulos fizeram uso disso.

O que a oitava vai ter

controle ps4 xbox one
No começo do ano, o Gus fez suas previsões para os games nesse ano, que incluem as novidades da oitava geração. E algumas já se concretizaram.
Como já vimos nas apresentações do PS4 e do Xbox One, há um grande salto no hardware, que vai puxar a qualidade técnica dos títulos junto. A arquitetura x86 estará presente nos dois consoles e pode ajudar muito quanto à portabilidade entre consoles, mobile e PC.
Mas a maior mudança, que será a marca registrada da oitava geração, não deve ser essa.
Estamos num momento de tensão nos consoles. De um lado, o Ouya e o Gamestick ganharam fama com a proposta de se voltarem para o desenvolvedor indie. Do outro, grandes empresas investem em hardware pesado para rodar jogos de última geração, muitos dos quais ainda nem foram criados.
Pelo que vimos até agora, o ponto em comum entre os dois tipos de consoles vai ser a priorização do usuário. Ele deixará de ser apenas um consumidor e passará a criar conteúdo para as plataformas, desde gameplays – o controle do PS4, por exemplo, tem o botão Share que permite transmitir seu jogo ao vivo pela web – a jogos – afinal, os indies são infinitamente mais simples de fazer do que os AAA.
Falando em jogos indie, Shuhei Yoshida, presidente da Sony Worldwide Studios, disse em entrevista para o Gamasutra que o PS4 será bem amigável aos desenvolvedores indies. Por outro lado, Matt Booty, gerente geral da Microsoft Game Studios, contou ao Shack News que será necessário ter um publisher para publicar jogos no Xbox One, o que deve dificultar as coisas para os devs.
Ainda no tema indie, Cliff Bleszinski, ou CliffyB, conhecido por Unreal e Gears of War (e Jazz Jackrabbit), disse ao Engadget que a próxima geração está abraçando o crowdsourcing: “as coisas boas sobem, as ruins caem e estamos num mundo tão conectado que, se alguém faz um ótimo jogo no OUYA, todos saberemos porque irá viralizar”.
Ouya, o console para games indie que arrecadou 8,5 milhões de dólares no Kickstarter
Ouya, o console para games indie que arrecadou 8,5 milhões de dólares no Kickstarter
Assim como os consoles indies, outro nicho ganhou muito espaço e não vai perder tão cedo – dá para arriscar que não vai perder nunca: os games mobile.
Os smartphones e tablets e os consoles são aproveitados para jogar em momentos bem diferentes do dia, em que a concentração e a dedicação à atividade também são diferentes. Então, nem tem como dizer que um ameaça o outro; viverão pacificamente lado a lado, na casa e no bolso dos gamers.
Mas, como os fabricantes do Xbox e do PS estão de olho também nos indies, seria uma boa ideia que, junto com os desenvolvedores dos jogos, houvesse a possibilidade de torná-los multiplataforma. Claro que nem todos os jogos poderiam se beneficiar disso, mas seria um recurso interessante para continuar em casa uma partida que começou no metrô.
John Riccitiello, ex-CEO da EA, apontou para o Kotaku US alguns fatores que considera decisivos para o sucesso comercial do PS4 e do Xbox One e que concluem bem esse texto.
Os principais pontos são: fabricar consoles o suficiente para que todos que quiserem comprá-los consigam; ouvir os jogadores, para que eles comprem os jogos produzidos (afinal, se você quer algo e alguém produz, você compra); e investir na plataforma aberta, possibilitando a criação de conteúdo.

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